“Não se pode considerar a gestão de riscos e emergências isolada da comunicação e vice-versa”

Confira a entrevista concedida pelo assessor da Cáritas Brasileira, José Magalhães de Sousa, que é referência no secretariado nacional para a temática de Magre (Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências). Numa tentativa de compartilhar um pouco como anda as discussões sobre o tema, durante o “Seminário Regional de Gestão de Riscos, Emergência e Comunicação”, que ocorreu de 8 e 14 de setembro, em Honduras. Magalhães falou sobre o Protocolo Regional, Comunicação e ainda chamou a atenção para a importância de se constituir um Protocolo para a Cáritas Brasileira.
Leia a entrevista na íntegra.
Ascom – Desde quando o tema Magre se tornou prioridade para a Cáritas da América Latina e Caribe?
José Magalhães – Desde 2005, a temática Magre tornou-se pauta prioritária dos Planos Estratégicos da Cáritas na América Latina e Caribe. O tema vem sendo debatido a cada ano em seminários regionais promovidos pelo Secretariado Latino Americano e Caribenho da Cáritas (SELACC). Desde então, foi sendo incorporado a dinâmica da “gestão de riscos” como dimensão ampliada de atuação para além da “resposta imediata”. Ou seja, não atuar apenas e despreparadamente quando os fatos acontecem. A temática faz parte do Plano Estratégico para o período de 2011-2015.
Ascom – A Comunicação com foco nas situações de emergências foi discutida de forma transversal ao tema de Magre. Que destaque é possível fazer a partir dessa discussão?
José Magalhães – A interface entre comunicação e Magre se deu de diferentes formas: primeiro eu destacaria a apreciação ao tópico “Comunicação” que foi feita no contexto do Protocolo Regional. É relevante ressaltar que mesmo já tendo sido aprovado em assembleia, essa parte (comunicação) mereceu considerações e aportes complementares que vão enriquecer o que já está explícito no documento. Lembrando que os aportes dependem de reapreciação e incorporação pelas instâncias de coordenações regionais.
Segundo: o Brasil mereceu importante destaque com a apresentação de experiências e dinâmica de comunicação no contexto das emergências ocorridas em nosso país. Por outro lado, esses aprendizados nos conduzem a tomar providências de preparação, capacitação e dotação de condições de atuação rápida e eficaz. Esta foi uma experiência que, sem dúvida, provocará maior interesse da Rede de Comunicadores da Cáritas, uma vez que não se pode considerar a gestão de riscos e emergências isolada da comunicação e vice-versa.
Ascom – Quais são suas percepções sobre a importância desse seminário para a Cáritas Brasileira?
José Magalhães – Já não se justifica mais a afirmativa do despreparo e do improviso na hora de atuar em uma situação de emergência grave. Neste sentido, o Seminário trouxe elementos importantes que nos possibilitam enxergar por onde passam os caminhos que nos levam à conscientização de que “é preciso estar preparado”. O evento também aportou elementos importantes para a constituição de um “Protocolo da Cáritas Brasileira”, que estabeleça compromissos, regras claras, procedimentos e capacidades para atuar em situações de emergências. Possibilitou, por outro lado, enxergar as diferentes realidades de cada país, ainda que os parâmetros sejam internacionalizados e globalizados, essas diversas realidades induzem a adotar diferentes formas de atuação. O Brasil se destaca pela maneira de incidir em políticas públicas – o que é menos perceptível em outros países -, e pelas ações de prevenção e mobilização social, diferentemente da atuação em “Resposta”, muito mais presente na realidade das Cáritas dos outros países. No entanto, essas realidades se convergem e podem ser complementares, à medida que aprendemos uns com os outros.
por Kilma Ferreira, assessora de Comunicação da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2