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Fundos Rotativos Solidários e a experiência das mulheres quilombolas do Agreste e região metropolitana do Recife, em Pernambuco

Fundos Rotativos Solidários e a experiência das mulheres quilombolas do Agreste e região metropolitana do Recife, em Pernambuco

Está em andamento, pela Cáritas Nordeste 2, uma iniciativa que pretende fortalecer e ampliar a rede de Fundos Rotativos Solidários (FRS), nos municípios de Pesqueira, Garanhuns, Itamaracá e Itapissuma, em Pernambuco. Com parceria via emenda parlamentar, vai reforçar os fundos já existentes e criar um novo Fundo Solidário.

Cáritas Diocesana de Pesqueira, Cáritas Diocesana de Garanhuns, Cáritas Arquidiocesana de Olinda e Recife, todas de Pernambuco, são as entidades membros do Regional NE2  que participaram,  de 28 a 30 de outubro, do encontro para planejamento do projeto Fundos Rotativos Solidários Como Estratégias de Desenvolvimento em Territórios Quilombolas e da Região Metropolitana do Recife.

A proposta é uma nova forma de pensar a Economia, a partir das necessidades locais e gerida de forma coletiva. Os FRS existentes em municípios como Itapissuma, Itamaracá, Pesqueira e Garanhuns mostram que, a partir da atuação coletiva, é possível desenvolver os empreendimentos individuais, criando um ciclo que fortalece toda a economia local. Em Pesqueira, por exemplo, o FRS Mulheres Guerreiras de Salobro, criado em 2021, agrega treze mulheres que trabalham com suinocultura.

ITAMARACÁ/ITAPISSUMA – Desenvolvido a partir da Cáritas Arquidiocesana de Olinda e Recife, o Fundo Rotativo de Itamaracá e Itapissuma surgiu a partir do projeto Juventude, Participação e Cidadania, realizado em parceria com a organização Misereor. O primeiro edital, lançado em junho deste ano, contemplou onze empreendedore(a)s, dos quais dez são mulheres.

Com o valor obtido, cada um deles pôde adquirir insumos para reforçar ou iniciar seus projetos, em diferentes setores: estética, artesanato, pet shop, dentre outros. “Já estamos recebendo de volta a sexta parcela, sem qualquer inadimplência. E o melhor: com valores gerados pelos próprios negócios”, afirma Ígor Melo, presidente do Fundo.

Um segundo edital será aberto ainda este mês, incluindo novas pessoas. “Queremos ampliar cada vez mais esta rede e atingir, por exemplo, os pescadores artesanais, que constituem a base da economia de Itapissuma e Itamaracá. E que outros fundos semelhantes possam surgir na Região Metropolitana do Recife.”,  reforça  Ígor.

GARANHUNS – O Fundo Rotativo Juventudes Quilombolas de Bom Conselho foi criado em 2023, a partir da parceria entre a Cáritas  Diocesana de Garanhuns, Manos Unidas e Cáritas NE2. Começou com sete jovens, que puderam acessar os recursos para aprimorar seus empreendimentos. Com a devolução das parcelas, sem nenhuma inadimplência, a rede cresceu e, hoje, 27 empreendedores já tiveram acesso ao Fundo.

Com a ampliação, o Fundo se dividiu em três, para alcançar diferentes comunidades e garantir uma organização coletiva de base, gerida pelos jovens quilombolas de Bom Conselho, Estivas e Amargoso. Este último, por exemplo, é constituído por treze membros ativos, com empreendimentos sobretudo no setor de criação de animais – aves, ovinos e suínos. Como nos demais casos, a taxa de inadimplência é zero.

A gestão, coletiva, fortalece a economia local e também a organização comunitária. “Nos reunimos mensalmente com todos os participantes, para tratarmos de assuntos referentes ao fundo, à comunidade e estratégias para fortalecimento de cada empreendimento individual”, explica Marciele Fidelix, coordenadora do Fundo de Amargoso.

O novo projeto vai ampliar esta rede e alcançar um grupo de mulheres do Quilombo de Estivas, que tem cerca de 270 famílias. “A emenda parlamentar da senadora Teresa Leitão vai permitir que 28 mulheres do Grupo de Mulheres Negras e Quilombolas Flores de Dandara sejam contempladas, como incubadoras do Fundo Rotativo de Mulheres do Estivas”, explica Aparecida Nascimento, presidente da Cáritas Diocesana de Garanhuns.

São mulheres que trabalham, entre outras coisas, com agricultura, artesanato e gastronomia ancestral. “A perspectiva é de reforçar, ainda mais, o potencial que estas mulheres já tem para movimentar a economia local,”, afirma Aparecida.

 

 


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